Quantcast
Channel: Divisare - Projects Latest Updates
Viewing all articles
Browse latest Browse all 11324

Faculdade de Medicina e Nutrição - Clodualdo Pinheiro Jr

$
0
0

Iniciamos o pensamento arquitectónico deste projecto supondo que as necessidades pragmáticas, o possível carácter das edificações e as disposições de massas do entorno, poderiam gerar um arranjo qualitativo à responder todas as questões envolvidas no programa. Nas ciências, analogias desempenham dois papéis: fornecer explicações e controlar a realidade. O uso arquitectónico de analogias tem alguma relação com seu uso cientifico, pois se dirige à significação e geração de formas. Com auxilio de analogias geramos as partes arquitectónicas deste projecto de duas maneiras: 1. Através do cruzamento de contextos, isto é, traçando-se uma analogia positiva entre uma situação no campo da arquitectura e outra fora dela. 2. Através de um processo de inversão da maneira estabelecida de resolver um problema arquitectónico- neste caso, tratando-se de uma analogia negativa. No primeiro caso, cruzamento de contextos, pode-se gerar partes arquitectónicas de três maneiras, cada uma baseada em um tipo de analogia: Analogias visuais: – Com a aparência o aspecto externo- das formas humanas e naturais e com artefactos não arquitectónicos. Analogias estruturais: Como a organização do corpo humano, seja do sistema ósseo, circulatório ou neuro motor. -Analogias filosóficas: – Utilizamos desta analogia para empregar desenvolvimento de teorias que informam a geração formal das partes arquitectónicas e como se relacionam entre si. No segundo caso, ao traçar analogias negativas, subvertemos maneiras estabelecidas de resolver certos problemas formais, alcançando soluções inéditas nas disposições. Chegamos a conclusão que foi possível neste projecto alcançar uma mistura equilibrada entre continuidade e mudança que é uma típica característica da evolução. As possíveis interacções sujeito-objeto, são tipicamente colocadas como pratica, teórica, simbólica e estética, artefactos que para ciências de medicina e nutrição são atribuições mais que necessárias.

Fmporto1_large

Disposições de massa/ entorno/ equipamentos existentes

Fmporto2_large

Analisando os edifícios consolidados chegamos a conclusão que o campus apresenta uma distinta qualificação entre seus edifícios: São volumes historicistas convivendo perfeitamente com construções contemporâneas, Hospital São João e escola de Engenharia e ou ed.fisica por exemplo. Vemos claramente aqui uma reverberação de acontecimentos típicos da cidade do Porto. A visibilidade do novo e antigo integrados em escala, proporção e convívio harmónicos. Pensamos que a própria articulação sugerida pelas partes dos novos edifícios que sugerimos, reforcem a ideia da diversidade de tipos arquitectónicos implantados em todo campus, mantendo evidentemente a mesma linguagem arquitectónica a todos eles. O invólucro sugerido em torno do edifício da cantina busca gerar uma grande área de convivência. Logo a integração desta proposta busca uma ideal inserção das novas massas, bem como uma total harmonia entre os edifícios propostos e os existentes. Integração urbanística Com a variação de formas e definição das diferentes colocações dos edifícios ao longo do alinhamento predial, alcançamos uma privilegiada colocação dentro do campus. Alem evidentemente de relacionar e rapidamente identificar estes edifícios com seu tema, a articulação dos recuos frontais foi definitiva para o resultado de mobilidade que os edifícios apresentam. O gabarito das demais edificações do campus foi mantido, porem interceptamos suas relações de dualidade rua (publico) edificação (privado), gerando um novo percurso de convívio. Ao suspendermos o edifício da biblioteca e auditório da escola de medicina, geramos uma espécie de acesso ao novo complexo, sugerindo uma nova interface e organização urbanística as demais edificações. Pensamos nos diversos edificios, exigidos no programa, formatados individualmente, mas plenamente relacionados entre si, através de praças cobertas em vidro e diversas áreas de convívio. Acreditamos que a escola de medicina e nutrição possa ser um centralizador de convívio de todo o campus, já que suas partes comuns propostas são generosas, amplamente convidativas e próximas a cantina SASUP. Os edifícios são apresentados em formas aparentemente flexíveis, sobrepostas e até fagocíticas. Os que estão voltados para a rua Plácido da Costa, apresentam ainda no seu revestimento uma espécie de membrana celular. Trata-se de um revestimento em chapas de zinco ou cobre com perfurações longitudinais, que intentam lembrar um sistema celular. Esta grande massa poderá ser vista ao longo das ruas que tem esta visibilidade, identificando claramente o carácter e o uso destes edifícios. A variabilidade das formas, segue estritamente um plano directivo de funções, onde circulações, salas e laboratórios integram-se de maneira inusitada.

Fm3porto_large

Articulação com os programas preliminares:

Fm4porto_large

Faculdade de Medicina: Setorizamos o projecto de acordo com todas as relações propostas pelo programa. No edifício de esquina, (r. Plácido da Costa x r. Dr. Roberto Frias), fizemos um grande átrio de acesso ao complexo, e nos andares superiores localizamos o auditório, salas de seminário e biblioteca. Entendemos que este edifício nesta localização, poderá ter seu funcionamento independente das demais funções, possibilitando uma maior articulação do seu uso. No edifício voltado para a r. Plácido da Costa, localizamos a cirurgia experimental, histologia e embriologia, farmacologia e terapêutica e bioquímica, distribuídos em quatro pavimentos e relacionados com os demais edifícios e ao biotério quando se faz necessário. O biotério, edifício anexo foi localizado de maneira a ter um serviço independente pelo acesso posterior ao complexo e interligado e próximo aos serviços que dele dependem. Ao lado dele um edifício perpendicular ao alinhamento predial, onde se localiza as biologia celular e molecular, higiene e epidemologia e fisiologia. Imediatamente ao lado e articulado, um edifico mais alto com rampas envidraçadas que tiram partido da grande área de convívio e da cantina SASUP. Nele funcionarão a bioética, clinica geral, e centro de informática. Liberamos o térreo deste edifício, para que nele possam ser instalados um centro de informações, ligados ao centro de informática (imediatamente acima), para uso comunitário, não somente académico. Informações gerais sobre diversas patologias, sobre o campus, sobre novas descobertas, etc. Entendemos o funcionamento deste edifício, independente dos demais, e poderá, alem dos atendimentos na clinica, ser um grande centro de informações médicas e patológicas do País. As decisões arquitectónicas que tomamos ao locar a proximidade ou não de determinado serviço, alem das próprias necessidades pragmáticas, levamos em conta a dimensão que cada ambiente exigia, mantendo porem o programa e todas as exigências do edital quanto a localização e dimensionamento.

Fmporto5_large

Faculdade de Nutrição e alimentação: As características plásticas deste edifício obedecem as demais edificações do complexo. Tem um grande maleabilidade espacial, e apresenta uma grande diversidade-qualidade de espaços arquitectónicos. Mesmo com acessos independentes, mantém uma ligação com o eixo monumental. Localizado numa esquina, este edifício articula suas funções em três pavimentos. No térreo, localizamos a biblioteca, anfiteatro, associação dos estudantes, sector de apoios gerais e uma grande praça central, área de convívio. No primeiro pavimento (mezanino), a sala de leitura da biblioteca e a unidade metabólica/ laboratório de gastrotécnia, estes ligados directamente ao átrio principal através de uma rampa. No segundo pavimento as áreas lectivas e os gabinetes. No terceiro pavimento os laboratórios de ensino e investigação e os órgão de gestão. Esta distribuição priorizou uma hierarquia de intenções do programa, atendendo plenamente seus fluxos e dimensionamento.

Fmporto6_large

Coerência da solução programática e funcional.

Fmporto7_large

Evidenciando o carácter das edificações, através de analogias metabólicas (revestimento em membranas, aberturas em formato mitocondrio-biblioteca, variação de volumes em altura e largura, e até mesmo utilizando um eixo monumental que interliga todos os edifícios (espinha dorsal), propomos um complexo de edificações com grandes áreas de convívio e muitas possibilidades de funcionamento. A planta sugerida, relacionada a uma estrutura de grandes vãos permite flexibilidade nos espaços propostos, quando estes se fizerem necessários modificar. A visibilidade dos edifícios, por si, reflecte a diversidade do corpo humano enquanto essência plástica e constitucional e sua alimentação enquanto variação de forma- uma espécie de complexo activado, junção de proteínas e enzimas.

Fmporto8_large

Versatilidade da concepção dos espaços:

Fmporto9_large

Pela necessidade da grande densidade de paredes, sugerimos fora das áreas molhadas, bwcs e copas, que as demais divisórias sejam realizadas em sistema wall sistem, gesso cartonado, para que sua flexibilidade e mesmo dimensionamento de salas seja amplamente valorizado. Isso implicaria numa redução de custo estrutural em aproximadamente 20% em detrimento de alvenarias convencionais. Algumas divisórias em laboratórios sugerimos que sejam em vidro, com intenção de ampliar e integrar espaços. A distribuição do programa seguiu um criterioso estudo de funções, que poderão ser aumentadas e ou diminuídas.

Fmporto10_large

Exequibilidade da solução proposta:

Fmporto11_large

Constituímos um projecto que sugere uma construção em concreto armado convencional com divisórias leves. Entendemos que a compacidade dos edifícios, isonomia estrutural e densidade das paredes pressupõe uma ótima relação custo beneficio, factor que foi definitivo nas decisões arquitectónicas que tomamos. Evidentemente sistemas de iluminação, ventilação e protecção térmica e acústica, serão posteriormente discutidos com o intuito de se obter os melhores índices de aproveitamento. Reiteramos que desenvolvemos para este edifícios um sistema bioclimático natural, realizando aberturas das áreas envidraçadas no verão (ventilação cruzada) e fechamentos no inverno, propiciando diversos micro climas, reduzindo definitivamente as cargas de condicionamento de ar.

Fmporto12_large

Conclusão:

Fmporto13_large

Nos parece que as escolas de medicina e nutrição estão potencializando a estratégia do aprendizado no conjunto, onde o aluno não vê a necessidade de enfrentar individualmente a certos problemas, e sim formar uma equipe e conseguir vencer o individualismo, o isolamento e a rigidez que muitas vezes vemos na formação destas profissões. Deste modo o aluno tem que trabalhar desde sua época de formação com equipes técnicas e humanas que permitam a ele se comunicar de maneira a perceber o futuro próximo. Ë inevitável perceber a formidável extensão dos distintos tipos de redes que em muito pouco tempo vão implicar na aparição de inúmeras formas de trabalhos em medicina e nutrição distintas das atuais. A quantidade de informação que é manipulada por um destes profissionais nos dias de hoje , pouco tem a ver com as que se tinha disponíveis a trinta anos atras e nada tem a ver com as que se manipulará daqui a pouco tempo. As possibilidades que nos oferecem neste campo não vão significar uma simples troca de métodos e meios de trabalho, com seus devidos matizes, mas sim uma real e definitiva variação de conhecimento e entendimento da ciência. Pensamos num projecto que contemplasse essa visão, mesmo com o conteúdo programático actual, mas que sua flexibilização permitisse olhar para o futuro com serenidade. Sabemos que os organismos humanos serão sempre os mesmos, e acreditamos ser dever desta arquitectura representar, propiciar e fundamentar as melhores condições para que o aprendizado destas matérias sejam perpetuadas, renovadas e infinitas.

Fmporto14_large

Universidade_23000m2_porto_pt_large


Viewing all articles
Browse latest Browse all 11324

Trending Articles



<script src="https://jsc.adskeeper.com/r/s/rssing.com.1596347.js" async> </script>